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Novembro

 

Mês de Novembro... Mês das Almas... Mês das colheitas e desfolhadas... Mês do Pão por Deus e das castanhas... Um mês diferente.

Recordamos, sentidamente, aqueles que partiram num dia triste e inesquecível. É o mês dos defuntos, diz o povo, na saudade imensa e dolorosa, como aliás é sempre a saudade, daqueles que o Senhor já chamou a Si. E são tantos... Milhares, milhões... E os que cá ficaram, aguardam também a hora da partida... Mas que hora?! Boa? Triste e incerta do que será a outra vida? Só os Santos partem alegres e felizes para o Além, a juntar-se ao Pai, que serviram, dedicadamente, durante a vida terrena... Os outros, os que por cá andam ainda, vivem numa incerteza medonha daquilo que os espera, embora confiantes no Pai de Misericórdia – Deus.

Mas o mês de Novembro é também o mês das colheitas daquilo que, na Primavera ou no Verão, se semeou para a subsistência do homem.

O Verão, porém, foi-se, sorrateiramente, deixando as pessoas envoltas nas penumbras de um inverno que se aproxima e que, por  vezes,é traiçoeiro.

Hoje as colheitas são bastante raras. Os campos estão quase abandonados e só aqui e ali se encontram os serrados de milho, que o trigo há muito deixou de ser cultivado. Mesmo assim, ainda há quem o semeie para colher na época do Outono. E o Outono é agora, nestes meses que os últimos são do ano.

Que alegres eram as noites do Outono (Outubro, Novembro e Dezembro), em anos passados! Faziam-se as colheitas e depois eram as desfolhadas, sempre animadas. Reuniam-se famílias, vizinhos e conhecidos e os serões decorriam em fraterna confraternização. E, mais alegres quando chegava a descoberta da massaroca vermelha ou milho rei. Os gritinhos das moças, os abraços que o “premiado” distribuía por todos os presentes, os ditos jocosos, mas inofensivos, que um ou outro deixava “escapar”, tudo servia para alegrar o serão “condimentado” com a aguardente e os figos passados das figueiras da horta. E eram tantas! Hoje, praticamente desapareceram como, aliás, outras fruteiras que nas época próprias constituíam o regalo de miúdos e graúdos.

Na realidade, poucas são as quintas que ainda existem ou são convenientemente tratadas. A mão-de-obra é cara e torna-se, por isso, inacessível aos proprietários, que não podem cuidar dos seus prédios com “as suas próprias mãos” porque a idade lhes levou as forças para o trabalho... E não são poucos. A decrepitude da vida vão chegando. O inverno é traiçoeiro e, por vezes, “faz das suas”. E é em Novembro que a estação é  mais fria e chuvosa e mais atinge os campos e as pessoas.

Apesar de tudo, era no primeiro de Novembro – dia de Todos os Santos – que se comiam as castanhas e dava-se o “Pão por Deus”, uma tradição que desapareceu como entenderam deixar de considerar feriado esse dia. Afinal dois dias que a Igreja celebrava com solenes rituais que tinham a assistência de muitos fiéis: o primeiro dia, Dia de Todos os Santos e feriado nacional; o segundo dia dedicado aos fiéis defuntos e às visitas aos cemitérios. Mas todo o mês dedica-o a Igreja aos que nos deixaram e um dia partiram para sempre!

Os nossos, que o Senhor chamou, são recordados com mais ternura e sentimento. Para eles são as nossas preces especiais, de conjunto com a nossa saudade. E quantos esperam por uma prece nossa para aliviar seus padecimentos?!

Esqueçamos nossos males e recordemos, com sentido de fé, de esperança e de caridade, esses que nos deixaram um dia para não mais regressar, mas que esperamos encontrar na Glória do Pai.

Novembro é o mês dos crisântemos. Colhamos uma dessas flores, qualquer que seja a sua cor, e guardemo-la no recôndito do nosso lar, junto da “imagem” daqueles nossos que nos antecederam na caminhada para a Eternidade.

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